...minha escrita até pode ser autodidata,
mas está bem longe de ser autobiográfica...

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Só por Hoje...

Sinto brotar de meu útero a essência dos sonhos que tenho...os meus mais suaves momentos de paz imutáveis, vejo um longo caminho a percorrer, só não sei se posso arrombar essas portas fechadas que trago alojadas no gosto salgado de dias incontáveis, onde sou a única espectadora da minha obra.

Invento palcos e luzes e trilho rompendo limites, entrando em guerras para enfim vencer essa minha vontade de ir embora. Quando a voz da noite me responde apertando o meu peito com uma saudade de algo que está além do meu olhar, vejo nascer a fragilidade sutil de quem gostaria de só por hoje...ESMORECER...

Soltaria cada um dos véus dos meus cansaços para poder me encolher, aconchegada ao seu querer que implora a minha nudez emocional, para poder enfim cuidar de cada parte de mim que é tua.

Caso alguém ouvisse esta voz inaudível por opção, entenderia que na cadência suave de minhas passadas, evidencio o bater de um coração que de tão só se mistura ao movimento...assim como o frio que traz nas entrelinhas a necessidade do cobertor para se proteger do vento.

E como se fosse possível, só por hoje diria...SIM...ESTOU FRÁGIL...quero ser a fragilidade que enlaça as tuas vontades e se faz necessária, fortalecendo o nobre poder de seus olhos sorrindo, e neste sorrir invadir ainda mais, transformando o meu cansaço na paz que mereço ter.

Já não tenho medo de saber quem somos na escuridão, foi nas trevas que fiz brilhar minha inspiração, mas só por hoje quero aquecer meus pés cansados, poder ser salva por um guardião, um amor ou um ser do além, e quem sabe até poder ouvi-lo dizer...

“Isto vai passar também!”


E assim...conduzida pelo teu abraço...me aqueceria na tua presença...para enfim esquecer...só por hoje...que sou forte!


"Abandonou a delicadeza para ser um sussurro breve, um semi-espasmo, seguido de um sorriso abundante. A culpa foi de um sopro de palavras ao pé do ouvido que desmoronou o que se edificou para ser derrubado. Estremeceu a alma de gelo e pôs em combustão o que era escuro e frio. As mãos não pestanejaram: enjaularam o corpo em um abraço assustadoramente afetivo. Uma prisão libertadora. Um aconchego quente." - Paulo Correa


M.R.

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