Cercada por este vento frio que invade as minhas toscas inspirações, retirei temporariamente os medos que me oprimem o peito, calei a boca de velhos pensamentos para simplesmente saborear uma boa sopa de queijos.
Pensei em o quanto já me preocupei com coisas desnecessárias, o quanto sofri antecipadamente, quantas noites mal dormidas, quantas lágrimas caídas e quantos textos escritos em horas perdidas na busca ensandecida da ‘batida perfeita’.
Em outros tempos nem sentiria o sabor deste maravilhoso caldo quente só para manter o pensamento no que não deu certo, no que não tem mais jeito.
Hoje as coisas mudaram, lido com minhas angustias de forma diferente, o que compete ao amanhã não atrapalha mais o meu hoje, e se for preciso apago meu olhar, choro se tiver que chorar e amanheço em um dia diferente.
[Que diferença!]
Tenho que confessar, gosto pra caralho desse cara chamado ‘Tempo’, me ajudou muito a simplificar as coisas, a ser menos ‘excessos’ e mais ‘silêncios’, a ser mais ‘eu’ e menos ‘você’ para poder viver o ‘nós’, aquele ‘nós’ que toda gente merece ter.
Aprendi a apreciar outros ritmos, saber mesclar lucro com diversão, não ter tanto medo dos meus medos e de fazer jus ao que carrego em meu coração.
E mesmo com tanta coisa pra fazer, muitas coisas para acontecer [ou não], AGORA é a hora do meu caldinho de queijos, de olhar o olhar de quem quer me abraçar, de me enrolar no edredom e pensar: ‘Ai que bom!'
Hoje não erro menos, erro melhor, não tenho menos problemas, tenho mais soluções, hoje até posso escrever um texto como este em alguns poucos minutos e não me perco mais em inúteis divagações.
Hoje dizer ‘dane-se’ não é mais um ato de revolta, meus trinta e poucos anos me ensinaram que é só uma técnica de sobrevivência.
Maria Rita