...minha escrita até pode ser autodidata,
mas está bem longe de ser autobiográfica...

segunda-feira, 31 de maio de 2010

"Moço"


E quem

iria pensar

que ele faz

sentido?







Em um constante apertar de letras ela guiava-se por seus caminhos inusitados. Seria mais um de seus devaneios?

Entre tantas interrogações ela buscava incansavelmente alguma exclamação para salva-la de sua sutil insanidade diária, em uma mania incessante por respostas e fatos palpáveis e irrevogáveis, sem dano real, mas com algum efeito colateral com gosto de “pra sempre”, mesmo que o “sempre” venha com data de validade.

Era uma descendente da loucura, nascida da esquizofrenia poética. E no doce líquido que sorvia na taça de sua imprudência, embriagava seus princípios morais, deixando-os a mercê de felizes sintomas que faziam de sua vida uma obra intuitivamente abstrata [compreendida por poucos], pois já não precisava mais de platéia, queria apenas o sucesso seletivo de "nobres seguidores", com cérebro o suficiente para serem imperfeitos por natureza...e ainda assim...nobres.

Eis que então surge...aquele “belo moço” perigosamente singular, em meio a fumaça de um cigarro com aroma de café, trazendo no bolso suas palavras [propositalmente] incompreensíveis, e de maneira sorrateira se fazia expressar em linhas que apenas ela sabia explicar.

Ela já não sabia mais se deveria achar certo todo aquele querer, não tinha mais medo de vento e nem de tempestade, a única coisa que ela queria ao certo, era ter por inteiro...

E não mais pela metade!


“Te dou um filho, te componho um hino
O que você quiser saber eu ensino
Te dou amor enquanto eu te amar
Prometo te deixar quando acabar
Se você não quiser
Me viro como der
Mas se quiser me diga, meu amor
Pois se você quiser
Me viro como for
Para que seja bom como já é”

Arnaldo Antunes


[Sim moça...este rabiscado desenha o seu traçado!]


M.R.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Borboletas


"Tornar o amor real é expulsá-lo de você pra que ele possa ser de alguém."
(Nando Reis)











“Quando não se tem mais nada”, e perdemos tudo que há pra perder, fica apenas aquela sensação de que não temos mais tempo, e somos obrigados a olhar para dentro da gente e ver [sem óculos escuros], a nossa vida e o que fizemos dela.
“Nem chão, nem escada, escudo ou espada”, perdemos as armas e os argumentos, o peito fica aberto e cansado de sentir aquele auto-tormento, e então, nos deixamos levar pela correnteza, paramos de fazer força pelo simples fato de que nada mais valerá esse esforço.
“O seu coração acordará”, e na entrega total aos nossos medos vemos que ainda sim não morremos, e na nudez de nossas almas encontramos os nossos sentimentos verdadeiros...pulsando...não mais pela dor...mas sim pela necessidade de amor.
“Acordará no mesmo lugar”, porque a felicidade e o bem-estar não estão do lado de fora, e no mesmo ambiente onde só vemos dor, renascemos com o corpo todo surrado, a luz se ascende, e vemos o nosso cansaço espalhado por todo lugar, é como sair do deserto para ver o quanto estamos famintos de vida.
“Quando não se tem mais nada, não se perde nada”, e essa sensação nos liberta, sentimo-nos “livres do temor” de nosso inferno íntimo, e como borboletas voamos em busca de outros horizontes, ainda que com o peito ofegante, não temos outra alternativa se não a de secarmos as nossas lágrimas, curarmos as nossas feridas, para enfim vermos que mesmo passando por “mortes diárias”...continuamos vivos.
“Então agora dá para dar amor”, por estarmos livres do medo da foice [já que ela não poderá levar o que já se foi], e do sangue jorrado nasce uma flor, que timidamente renova as nossas forças nos tornando melhores que ontem, é aquela sensação orgasmática de finalmente podermos dizer...
“ADEUS DOR!!!!!”


M.R.
(Inspirada na letra da canção “Mantra” – Nando Reis)

domingo, 23 de maio de 2010

[...]


Absolutamente lindo o fato de ter se lembrado;
Obrigada por cada letra...
Por cada oração...
Por cada desejo...
Por cada pensamento...
Não existe “dom” para a escrita quando esta vem do coração,
Para os “poetas do espírito” o que importa é a luminosidade da aura que envolve cada palavra.
Obrigada por me enviar suas luzes em forma de letras!
E que entre estas “reticências” de nossa amizade sejamos felizes;
Acredito apenas que temos que viver a "nossa" mais absoluta verdade, no muito ou no pouco, no infinito finito que comporta cada felicidade!
E nos momentos difíceis, que não apenas eu, mas também você se lembre dos amigos de verdade!
Mesmo aqueles guardados nas reticências...


[...- M.R. -...]

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Conversa...


Nem divina e nem sábia sou apenas uma alma pensante que transita nas esquinas da vida sem rumo nem direção, sentindo a ausência do sentir, mesmo que ainda tenha um coração.

Sou palavra que ecoa na falta de quem me diz, sou fera domada e extinta por sua coragem, sou fera selvagem e ainda tenho que ser feliz.

Por vezes sou felicidade e irradio a criança reluzente que brinca de brincar pra poder falar sério, sou o meu jeito de me mostrar... sou ar...sou gente...sou mistério!

Sigo por essas estradas na companhia de meus pés cansados e alguns trocos na mão, com poucos punhados de muitas coisas sigo em frente [ou não], gastando a sola de meus tamancos transpiro o bom senso aos trancos e barrancos.

E neste porto seguro onde mora a insegurança, sigo ensinando o que tenho que aprender, feliz em expressar minha santa imperfeição, faço de mim aquilo que "Sou" e que "Posso" ser.


[E em uma conversa sem intenções e nem asas eis aqui as minhas palavras!!!]

M.R.

domingo, 16 de maio de 2010

Amo pessoas que posso chamar de amigos...


"O melhor espelho é um velho amigo."

(George Herbert)








Incrível como os dias vão alternando seus ritmos e suas canções! Existem dias que parecem tão intermináveis que não sabemos dizer se fomos nós que passamos por eles ou se foram eles que passaram pela gente, nos atropelando e deixando marcas e desejos de que nunca mais se repitam.

Mas também existem aqueles dias em que respiramos fundo e um suave perfume preenche os nossos pulmões, trazendo uma sensação de paz e satisfação, nos sentimos envolvidos por um carinho invisível que esquenta o nosso peito, e que geralmente são provocados por momentos simples e sutis, mas sempre grandiosos. Iluminam os nossos olhares e nos dá energia para continuarmos nesta dança imprevisível.

E assim os dias vão passando pela gente e a gente por eles, dias frios, quentes, chuvosos, nublados, ensolarados, vazios, cheios, tristes, alegres, solitários...e aprendemos aos poucos a lidar com eles [ou fingimos que aprendemos], e rezamos para que eles também aprendam a lidar conosco.

O mais interessante desta dança diária é que quanto mais vou sendo conduzida por ela [vezes sangrando,vezes sorrindo], mais me dou conta do quanto precisamos uns dos outros, do quanto nos faz bem estarmos entre rostos conhecidos de amigos verdadeiros, que sentem a nossa falta e nós a deles. Entre eles sentimos o lado bom de viver, dividimos nossas dores, amores e magicamente os problemas não parecem mais tão grandes.

Os amigos são a família que escolhemos ter, e sem eles até mesmo os dias mais doces ficam sem sabor, aliás...quem tem ao menos um amigo sempre terá uma xícara de café quente e um par de orelhas...e isso pode salvar uma vida!


M.R.

sábado, 15 de maio de 2010

O que seria do recomeço se não existisse o fim?


“O Mundo”

Ponto...
Fim...
Reinício...
Transcendência...
Iluminação...













Não sei se vou estar aqui quando você voltar
Evite perder seu tempo
Se por sorte conseguir me encontrar
Envolvida em meus próprios pensamentos
Subitamente volte a caminhar
Você já não faz parte deles...lamento!
Quero crer que o vácuo deixado no ar
Seja fruto da profunda falta de inspiração
Por certo emprestaria alguns versos meus para lhe ajudar
E entre tantos atributos de sua nobre alma em evolução
Deixo-me conduzir pela inocência que “não” me é peculiar
Visto ter entre “meus” atributos o da boa educação
Sorry...
Se na minha cínica educação de falsa inocência
Exponho o suicídio da sua expressão
Pois já não me faço capaz do dom da paciência
Para com aqueles que anulam o próprio coração
Recolho a minha verdade e deixo-o a sós com sua confortável “aparência”
Óbvio que não me arrependo do belo perfume que fiz
Por ser ele realmente o reflexo da mais pura verdade
Apenas respeito as palavras que o silêncio me diz
Deixando livre a própria liberdade
Desejo desesperadamente que você “Seja Feliz”
Com o mesmo desespero em que buscarei a minha própria felicidade.


M.R.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

"O Louco"




"E quando eu estiver louco subitamente se afaste!"
(Skank)














Apenas "O Louco" sabe...que uma pitada de espontaneidade não faz mal a ninguém, e que não estamos aqui para agradar aos outros e sim para desenvolvermos a nossa própria percepção de amor e paz, pois só assim poderemos somar com quem estiver a nossa volta.

Apenas "O Louco" sabe...o sabor de estar diante da tela branca da própria existência para poder ali colorir sua alma e seus próprios sentimentos sem querer saber o que vão dizer. "O Louco" quer somente fluir na sabedoria de ser único e poder imprimir sua exclusividade, e se olhos "normais" se sentirem agredidos, "O Louco" sorri e sai andando, pois sabe que quanto maior a agressividade de seus críticos, maior será a frustração deles para com as suas próprias vidas.

Apenas "O Louco" sabe...que liberdade não é agir movido a libertinagem, ele gosta da paz de sua inspiração ao se deixar levar por palavras internas, e abre os seus ouvidos para essas vozes quebrando convencionalismos e poses pautadas em receitas prontas que não satisfazem a todos, "O Louco" questiona o "inquestionável" para poder enxergar o que muitos preferem não ver.

Apenas "O Louco" sabe...que ninguém pode fugir de si mesmo, olha para a dor alheia e vê ali a sua própria dor estampada para usar de inspiração em um belo texto ou numa linda canção, ele expressa a dor e a delícia de ser o que é porque não tem medo de "Ser" e de "Sentir".

Apenas "O Louco" sabe...que não é melhor ou pior do que ninguém [mesmo que muitos queiram que ele acredite nisso], ele apenas se faz de porta voz de suas próprias vozes sem medo de se tornar ovelha negra ou grande herói, é capaz de ficar horas falando sobre uma singular paisagem sob diversos ângulos, ou então mergulha no silêncio e no escuro sem nenhum pudor e sem medo de encontrar seus fantasmas, pois faz deles temas principais de suas mais comoventes criações.

Apenas "O Louco" sabe...que é "normal" ser diferente, prefere quebrar belos princípios para romper as correntes das crenças que podem aprisioná-lo. O único princípio adotado por ele é: "Seja Louco o suficiente para não ser infeliz!"


Existem coisas que somente os "loucos" sabem...



M.R.

domingo, 9 de maio de 2010

Socorro - Arnaldo Antunes














"Socorro, não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir
Socorro, alguma alma, mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada
Socorro, alguém me dê um coração
Que esse já não bate nem apanha
Por favor, uma emoção pequena
Qualquer coisa
Qualquer coisa que se sinta
Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva
Socorro, alguma rua que me dê sentido
Em qualquer cruzamento
Acostamento
Encruzilhada
Socorro eu já não sinto nada"



[E quando digo que não estou sentindo nada é porque estou repleta da necessidade de existir...com ou sem você.]

M.R.

VagaLumes















Ausências...
Muitas vezes nos deixamos viajar em pensamentos e sentimentos que nos levam para pessoas, datas, coisas, condições, objetos e lugares.
Sofremos da ausência de alguém que já esteve e se foi, de alguém que nunca esteve, de lugares, de sensações e até de nós mesmos em outros tempos.
A lista pode ser extensa, mas inevitavelmente sempre há uma saudade embutida em cada uma delas, um gosto estranho que ao mesmo tempo em que nos adoça também pode nos irritar, é como querer estar em outro lugar e não poder, querer olhar e não ver, querer reviver...querer...querer...querer...
Enfim...é algo que se foi mas deixou o amor como lembrança, por isso a ausência sempre vem acompanhada da saudade, são duas companheiras inseparáveis já que a “ausência é um estar em mim”, e a “saudade é o amor que fica”.
E de tanto “ficar” esses pedacinhos vão tomando vida e fazem parte de nossa história, nos alimenta e nos dignifica de uma maneira tal, que mesmo sentindo a dor de saber que já se foi, nos alegra a benção de um dia ter sido.
Acredito que nossa vida seja um eterno colecionar de pequenas felicidades, pequenos pedacinhos de Deus que com o tempo vamos aprendendo a percebê-los e valoriza-los, e como vaga lumes iluminam nossa existência.
Dizem que “tudo passa”, sim...os momentos podem até passar, mas os vaga lumes deixados por eles ficam guardados dentro da gente e isso ninguém pode nos tirar....nem o tempo...nem a morte!

Receba a visita dos meus vaga lumes...onde você estiver...


[Mãe você é a minha ausência mais doce, e entre tantos vaga lumes sua luz resplandece majestosa, fazendo de mim uma pessoa capaz de levar essa luz em meu olhar por todo e qualquer lugar. Feliz dia das Mães! – Te Amo!]

M.R.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Aquele Dia...


Pensava em ir embora
Fecharia a porta e seguiria em frente
Estava tão acostumada a receber a visita do ar
Mas eram as águas que lhe inundavam a mente
Ela gostava da chuva
Porém inundações a deixavam nervosa
Faziam-na perder as palavras
Não gostava quando isso acontecia
As palavras aqueciam a sua alma
E a água deixava mais evidente o frio que fazia
Abriu a porta e decidiu ficar por mais algum tempo...
Afinal a noite é sempre mais escura um pouco antes do amanhecer...
Resolveu aguardar o Sol de um novo dia e silenciou sua mente para [por hora] não enlouquecer!


[Aconchegou-se em sua manta colorida e na loucura mansa de sua alma calejada subitamente serenou...]


M.R.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Fumaça Cheirosa

Como posso me abster de presentear este cheiroso dia com minhas palavras habituais? Logo eu que amo ouvir as palavras que me visitam, não poderia deixar de pintar nesta tela de letras a magia de um dia tão repleto de aromas.
Em meio a fumaça de fragrâncias específicas purificamos nossas almas carregadas de cansaços, medos, lembranças e sonhos. Falamos de brisas, de amores, de anseios e magias. Até mesmo uma "Rosa" veio nos visitar pra nos falar de amor neste dia.
Em meio àquele vento cheiroso pude notar que aqueles amigos que ali se reuniam tinham mais do que uma simples afinidade, eram espíritos que de tão conhecidos aceitavam-se como eram, cada qual com sua particularidade, brincavam com coisas sérias, falavam sério brincando e tinham o dom de usar a inteligência para aliviar as tensões, aquela sintonia toda não podia ter outra explicação se não a dos mistérios da reencarnação.
Estas três essências quando misturadas formam uma fragrância sem igual, fazem sorrir até o mais sério dos mortais, expulsam qualquer tipo de mal, e porque não dizer...emprestam as suas vozes ao plano espiritual!
Apenas me resta agradecer aos mistérios do ar por terem acolhido a sagrada fumaça cheirosa, nela estava contida toda a nossa gratidão e todos os anseios e desejos, foi a nossa maneira singular de acariciarmos o vento.

E que a amizade entre estas três fragrâncias continue sendo a sublime expressão de Deus...



[Em meio as nossas vidas e mortes diárias, juntos sempre somos mais fortes!]


M.R.