...minha escrita até pode ser autodidata,
mas está bem longe de ser autobiográfica...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

gARanTia?


Abriu um Blog qualquer que falava de amor e decidiu ler:

“Chamem um médico, enfermeira, psicólogo, costureira, britadeira ou qualquer coisa hábil e eficiente capaz de tirar do meu corpo e da minha mente esta vontade da tua intimidade. São tantos os sintomas da minha doença que a prescrição medicamentosa teria que vir acompanhada por centenas de lenços de papel, pois ainda que tenha remédio pra isso, nada evitaria a tragédia que seria simplesmente estar curado. Arrancar você de mim seria abrir mão da minha melhor composição, pior que isso, seria como atear fogo na minha inspiração e condena-la ao nunca mais.”

Ali estava ele, sentado na cadeira de sempre, lendo palavras de um poeta falido e pensando em sua vida politicamente perfeita. Tinha um bom emprego, amigos pra contar, namorada pra disfarçar e muitos compromissos para não deixa-lo lembrar-se de que é infeliz.
Era do tipo “Cara Valente” já apresentado na canção da “Maria Rita”, e com toda a sua eloqüência se viu espelhado nos versos exagerados daquele poeta sofredor.
Pensou nos dias em que foi feliz, tomou um gole de café frio pra ver se conseguia engolir junto o nó que se formou em sua garganta, ligou o rádio pra disfarçar uma lágrima teimosa, e por ironia [ou não] estava tocando aquela bendita canção...
...“Foi escolher o mal me quer, entre o amor de uma mulher e as certezas do caminho. Ele não pôde se entregar, e agora vai ter que pagar com o coração”.*
Em uma rapidez inconsciente desligou aquele som, desejou poder fazer o mesmo com sua mente, mas por mais que tentasse não conseguia! Será que estava fadado a pensar “nela” todo o santo dia?
Ainda tinha que suportar essa lei de sincronicidade estúpida que só podia ser coisa do Diabo, não acreditava que o povo lá de cima inventaria uma lei tão filha da puta só pra sacaneá-lo.
Na verdade ele só queria encontrar culpados infames que justificassem sua covardia emocional, estava cansado, queria a certeza que tudo daria certo no final, queria vê-la passar de longe pra aliviar a agonia...queria ao menos uma garantia...queria poder ser somente um amigo...mas não podia!


Maria Rita


* Citação da canção “Cara Valente” – Maria Rita


Um comentário:

disse...

Das certezas que não existem e torturam quem as busca.
Triste... mas é um fato.

De novo vamos ao tempo... sempre ele.
Um brinde a [falta de] coragem de alguns.

Beijo