E se eu disser pra você que [apesar de tudo], hoje acordei feliz?
Bastou um convite de possibilidades [que não mereciam sua atenção], para envolve-la...claro que ela queria acariciar...tocar...ajustar no contorno de suas curvas.
No frio que enlouquece as almas tristes, ela se sentia feliz, e o jorrar de suas lágrimas derramadas estava guardado na gaveta de velharias, não tinha mais tempo para o ontem.
Ansiava que escorresse pelas valas aquele líquido entristecido em busca de quem o lastimasse, e na ironia muda do desapego libertou-se, fez dos medos seus aliados, e se alguém tivesse que morrer...então que morresse o passado!
Debruçou sobre o seu ventre o doce algodão que concretizaria os seus anseios, fazendo latejar o seu querer, para que o transbordamento seja agora o seu agradável momento de êxtase...sua sublime materialização...e se antes sua alma dormia e alimentava a fome, hoje seu corpo se fartava com o músculo da renovação.
Nas brasas quentes de sua alma enfrentava o gélido dia de inverno, embevecida por revelações regadas a vinho tinto, e no tom vermelho de sua face sutilmente sem temor, desnudava para aquele vento frio o seu contraditório e doce calor.
Caiu nas graças dos Deuses da contradição sem preconceito e nem raiz, e mesmo que tudo mais lhe dizia que não, ainda sim seria feliz.
“Ela enxugará dos olhos dela todas as lágrimas. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor. As coisas velhas já passaram.
Aquele que estava sentado no trono disse:
- Agora faço novas todas as coisas!
E também me disse:
-Escreva isto, pois estas palavras são verdadeiras e merecem confiança.”
Apocalipse 21 : 4-5
M.R.
[Às 17:00hs de um dia em que as palavras bateram em sua morada, ironizando-a abertamente em mais uma contradição, ali materializou-se vestido de terno e gravata, um livro que para muitos era o símbolo da santa devoção. Para seu espanto, e de forma inusitada, ela decidiu ouvir a tal "Revelação".]
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