Doce necessidade de paz que invade de tal maneira, que não resta outra saída se não a de receber a visita das águas, que de tão sentidas não se faziam de rogadas, escorriam sem que a mente pudesse congelá-las com o frio da decepção, queriam apenas existir para enfim estancar a hemorragia do coração.
E naquele jorrar de puro líquido vermelho, vejo escorrer a dor que te fez partir, te fez sorrir, te fez encontrar outros rostos, alguns toques, muitos amores, e de tanto querer mudar as coisas de lugar [organizar], fez da alma a bagunça necessária para enfim encontrar o cansaço.
Absoluto cansaço que trouxe à tona uma mulher que antes “foi”...e hoje “é"...o momento de se renovar, fazendo das dores as flores de sua nova paisagem, e sem medir palavras e sensações, quer apenas o afeto que no espírito lhe seduz os sentidos, escorrega por entre lembranças, para que assim...quase sem querer...possa enfim vencer a si mesma.
Pudesse eu arrancar de seu peito esse medo que te atormenta, e assim como uma heroína venceria esse vilão, como se ele também não fosse o mais puro algoz do meu próprio coração.
No toque de sua perfeição lhe mostraria a beleza de teus defeitos, e na mistura de cores [que destoam na combinação], provar que na desarmonia também mora a sublime libertação.
E de pequenos respiros se faz a respiração...
[Com o passar dos anos, um vazio frio e escuro nos faz perceber que já não sabemos dar e nem pedir o que de mais precioso temos a compartilhar, doçura, compaixão... a compreensão de que todos nós sofremos, nos sentimos sós, imensamente tristes e choramos baixinho antes de dormir, num silêncio que nos remete a uma saudade desesperada de nós mesmos... daquilo que pulsa e grita dentro de nós, mas que não temos coragem de mostrar àqueles que mais amamos! – Rosana Braga]
M.R.
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