...minha escrita até pode ser autodidata,
mas está bem longe de ser autobiográfica...

sábado, 19 de junho de 2010

reSpirOs

















Doce necessidade de paz que invade de tal maneira, que não resta outra saída se não a de receber a visita das águas, que de tão sentidas não se faziam de rogadas, escorriam sem que a mente pudesse congelá-las com o frio da decepção, queriam apenas existir para enfim estancar a hemorragia do coração.

E naquele jorrar de puro líquido vermelho, vejo escorrer a dor que te fez partir, te fez sorrir, te fez encontrar outros rostos, alguns toques, muitos amores, e de tanto querer mudar as coisas de lugar [organizar], fez da alma a bagunça necessária para enfim encontrar o cansaço.

Absoluto cansaço que trouxe à tona uma mulher que antes “foi”...e hoje “é"...o momento de se renovar, fazendo das dores as flores de sua nova paisagem, e sem medir palavras e sensações, quer apenas o afeto que no espírito lhe seduz os sentidos, escorrega por entre lembranças, para que assim...quase sem querer...possa enfim vencer a si mesma.

Pudesse eu arrancar de seu peito esse medo que te atormenta, e assim como uma heroína venceria esse vilão, como se ele também não fosse o mais puro algoz do meu próprio coração.
No toque de sua perfeição lhe mostraria a beleza de teus defeitos, e na mistura de cores [que destoam na combinação], provar que na desarmonia também mora a sublime libertação.


E de pequenos respiros se faz a respiração...


[Com o passar dos anos, um vazio frio e escuro nos faz perceber que já não sabemos dar e nem pedir o que de mais precioso temos a compartilhar, doçura, compaixão... a compreensão de que todos nós sofremos, nos sentimos sós, imensamente tristes e choramos baixinho antes de dormir, num silêncio que nos remete a uma saudade desesperada de nós mesmos... daquilo que pulsa e grita dentro de nós, mas que não temos coragem de mostrar àqueles que mais amamos! – Rosana Braga]



M.R.

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