É estranho aceitar os minutos que fazem divisão entre o querer [ter] e o olhar [ver], visto que o querer independe do tempo e o olhar segue olhando em pensamento.
Sagrado pensamento, tu que me envolve a todo o momento, em uma mania constante de vibrar alucinante, nesta pura necessidade de pintar com cores vivas a face desta cinza cidade.
Cidade que me atormenta, em cada esquina uma promessa de te ver chegar de novo, no olhar vejo passar um ir e vir de deixar louco, e no peito rasgado e vivificado de inspiração, entre tantos faz-se ouvir a voz da solidão.
Solidão sorrateira, que se arrasta pelos vãos de estradas repletas da poeira acumulada, e nos amordaça mansamente, quando vemos sentimos no corpo e na mente as seqüelas da tua arruaça.
Arruaça de sentimentos, que nos faz perdidos entre os gemidos do tempo, mas te peço [por favor], não me impeça de partir, levo comigo o que não faz mais sentido...seque tuas lágrimas e deixe-me ir.
Ir de encontro à suposta felicidade, que se não pode ser absoluta, seja ao menos curta, iluminando cada vão, para que de pequenos fragmentos se faça um lindo refrão.
Refrão de momentos que possam eternizar enfim, a minha vontade de você...e a tua vontade de mim. E entre os fragmentos que separam essa vontade, sejamos então, felizes de verdade.
M.R.
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