...minha escrita até pode ser autodidata,
mas está bem longe de ser autobiográfica...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Um par de olhos e muitas palavras...





"Quando a alma perde-se na dor e no medo deixa de viver sua real essência."










Busco diversas fontes de inspirações para os meus escritos, pessoas, lugares, animais, fatos...enfim, qualquer coisa que toque minha alma, que me faça querer expressar, entender e por vezes até querer ajudar.
Recebi a visita de um par de olhos aflitos, na verdade os olhos daquela menina já me eram velhos conhecidos, mas o que os diferenciavam naquele dia foi a expressão que traziam no olhar.
Fiquei calada pois percebi que aquela menina cansada buscava ouvidos atentos para os males que lhe acometiam a alma, fiz-me toda ouvidos, mas confesso que de sua boca poucas palavras me fez prestar a atenção, pois daqueles olhos tristes se faziam muito mais emergentes a expressão.
Eles me disseram que estavam exaustos, e que a esperança não fazia morada naquele coração, que por mais que se esforçavam em ver o sol de um novo dia, nuvens frias e recheadas de diversos medos os envolviam e nublavam aquela visão, e no choque daquelas nuvens com o calor daquele olhar aflito formavam-se constantemente temporais terríveis, espalhavam-se lágrimas por todo lugar, pediam-me socorro pois precisavam das bençãos dos ventos das mudanças para levar aquelas nuvens pra outras bandas e finalmente poderem receber a visita da tão esperada esperança.
Fiquei totalmente tocada por todo aquele relato, aqueles espelhos da alma se desnudaram diante de mim sem nenhum tipo de pudor, me envolveram com tamanha força que me fizeram surda aos sons que a boca emitia, estarrecida continuei a ouvir seu clamor.
Disseram-me também que aquela era uma alma de luz, amante da liberdade, continha em si tanto amor que poderia oferecê-lo a todos ao seu redor e ainda assim continuaria repleto de amorosidade.
Era exatamente o que ela fazia, na ânsia de ser amada, amava sem limites, e nesta compulsiva doação ela abandonou sua essência, esqueceu-se que para poder amar daquela maneira ilimitada precisava primeiro amar a si mesma.
Estas foram algumas entre tantas coisas que aqueles olhos resolveram me confessar, e para finalizar pediram-me o seguinte favor...

"Já que és porta voz de tantas vozes, quero pedir-lhe por favor, descreva em algumas palavras A Beleza Contida Atrás Desta Dor".


Lá fui eu para os meus escritos, abrir caminhos para deixar a beleza passar...

M.R.

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