
Depois de olhar com olhos de ver...
Subitamente minha conexão com o mundo caiu, só conseguia ouvir meus pensamentos que de tão intensos me fizeram seguir de maneira automática o caminho de volta pra casa.
Precisava voltar, não apenas para o meu lar, mas também para o meu corpo, para a minha vida e para os sentimentos que naquele momento resolveram debandar.
Não conseguia sorrir, nem chorar e até as palavras me faltaram [fato raro], juro que tentei sentir alguma coisa, mas só havia um “nada” que gradualmente me tomava.
Foi assim que a razão me explicou coisas que até então não compreendia, evidenciou outras tantas que por medo eu fingia que não via e pouco a pouco tudo foi adquirindo uma clareza tão grande que parecia não ter fim, quanto mais aquele “nada” interno percorria as minhas veias mais eu percebia o quanto estava ausente de mim!
“Se um dia me arriscar num outro lugar,
hei de levar comigo a estrada que não me deixa sair de mim.”
(Mia Couto)
Maria Rita